Estabelecer correlações válidas entre as simulações de conformação de AHSS e o teste real dos equipamentos pode ser algo complicado por uma série de razões. Esta breve visão geral destaca as 10 principais questões que é preciso levar em consideração ao executar simulações para os componentes automotivos feitos com AHSS/UHSS/Gigapascal – e por que é necessário trabalhar em estreita colaboração com seu fabricante de AHSS e seus dados detalhados de conformação.
Começando pelo problema número 1 ao realizar simulações de conformação para o AHSS: a distensão de bordas cortadas. É necessário estar ciente de quaisquer situações em que você observa a tensão uniaxial em uma borda cortada.
O diagrama de limite de conformação não pode ser utilizado como um guia para a distensão das bordas, simplesmente porque, quando testamos o material no laboratório e criamos a curva de limite de conformação, não estamos testando o aço AHSS na borda cortada, mas na parte central — na estrutura da chapa.
Também não há correlação entre os valores de ductilidade e alongamento das bordas — de modo que o gráfico “curva da banana” do AHSS não pode ser utilizado para avaliar a ductilidade das bordas.
Uma forte influência no limite de ductilidade das bordas do AHSS é como a ferramenta de corte foi concebida. No Knowledge Service Center da SSAB, testamos os nossos aços automotivos AHSS Docol® para encontrar a folga de corte ideal para cada grau.
Mas o que torna as simulações de AHSS ainda mais complicadas é que a ductilidade das bordas muda durante a produção em série devido ao desgaste da ferramenta de corte. Alguns softwares de simulação começaram a incluir formas de considerar a distensão de bordas, com valores padrão para as bordas cortadas a laser sendo as maiores, seguidos por novas bordas de perfuração e então pelas bordas de perfuração desgastadas.
Portanto, nas simulações de AHSS, prestamos atenção a:
Existem muitas maneiras de gerar diversos comportamentos do AHSS e gradientes de deformação: no plano da tira, no sentido da espessura, e também na resistência e concentração ao longo da própria borda cortada.
A SSAB criou um teste prático – o teste de flexão dupla – que verifica o ângulo máximo de flexão do aço AHSS antes que ocorra uma trinca.
Realizamos os nossos resultados do teste de flexão dupla e o comparamos ao teste de expansão de furo. E pode haver grandes diferenças entre os testes em seus níveis aceitáveis de deformação. Por exemplo, um aço DP 980 de 1 mm pode ter uma deformação máxima de 46% no teste de expansão de furo, mas apenas 11% no teste de flexão dupla.
O teste de expansão de furo ISO 16630 para ductilidade de borda é conduzido com zero pré-deformação em uma amostra de AHSS. Na realidade, é comum que a tira de AHSS seja pré-deformada antes do corte e da deformação final das bordas cortadas. É difícil conceber um teste geral para essa situação, pois a pré-deformação do corpo de prova grande (100 x 100 mm) para o teste de taxa de expansão de furo (Hole Expansion Ratio - HER) é um desafio. Como é possível prever a capacidade do aço AHSS para essa situação?
Ao invés de depender apenas do teste de HER, é possível simular a peça — observando as principais deformações que atravessam as áreas pré-deformadas. Se encontrar alguma, você terá algumas opções. É possível optar por trocar o material por um grau de AHSS com uma melhor ductilidade de borda cortada, para proporcionar uma margem adicional de segurança. Ou você pode ajustar o seu design para manter a pré-deformação em um nível mais baixo. Ou tente movê-la para outra área onde a deformação final da peça é menor.
Ao dobrar qualquer metal e depois dobrá-lo para trás no sentido oposto e continuar fazendo isso, para frente e para trás, o metal acabará quebrando — você acumulou danos no material. Esse comportamento não pode ser capturado pela curva de limite de conformação e é desafiador de modelar.
Por exemplo, tivemos um cliente cujas simulações não mostraram problemas na conformação do AHSS — sem tensões que estivessem acima do limite. Ainda ocorreram trincas durante a produção! Por isso, realizamos uma simulação de conformação incremental que apresentou um valor de resultado especial chamado “tendência acumulada” (veja a imagem).
Às vezes, ouvimos que o argumento de que toda a instabilidade à produção é oriunda da variação de materiais. Materiais AHSS consistentes definitivamente importam, mas isso não é uma questão geral.
Na verdade, realizamos análises de repetibilidade que comparam os nossos graus de Docol® aos graus gerais de VDA. Em um caso, vimos um simples flange feito com AHSS de grau de fase complexa (CP) 980, com uma tolerância de ±1° de acordo com a VDA 239. É possível ver o processo completo de análise em nosso webinar sob demanda intitulado: Simulações com AHSS para design automotivo: as 10 principais considerações.
A análise mostrou que uma peça em particular, quando feita com o Docol® 980 CP, tinha 628 vezes menos probabilidade de estar fora da tolerância do que uma feita com o VDA 980 CP geral – devido às tolerâncias mecânicas mais elevadas do material do Docol®.
A alta consistência do material é sempre desejável, especialmente no caso de aplicações em aços AHSS/UHSS/Gigapascal, que são realmente dependentes de tolerâncias mecânicas rigorosas. Porém, é arriscado conceber peças feitas com o AHSS, que dependem apenas da elevada tolerância mecânica. Muitos outros fatores entram em jogo durante a produção: variações do processo, desgaste das ferramentas, lubrificação, etc.
Costumamos dizer que o único parâmetro mais importante para um processo de AHSS altamente repetível é ter um design robusto das peças, tirar o máximo proveito das geometrias de alta rigidez, pequenos raios, uso estratégico dos fatores de ganho, etc.
Em peças feitas com AHSS com flanges de borda altamente comprimidos e sem a possibilidade de utilizar um prensa-chapa, é necessário simular a peça para tentar detectar enrugamentos. Aqui é mostrada uma peça feita com AHSS de 4 mm de espessura. Simulação desta peça com o uso de três abordagens diferentes para comparar com os protótipos reais:
Para simulações de estampagem de AHSS, a abordagem mais comum é usar um elemento de invólucro sem auto-contato. Para determinar a tendência de enrugamento, este é um tipo de elemento muito conservador. No mínimo, o que você pode dizer é que, se não houver enrugamento usando elementos de invólucro sem auto-contato, não haverá enrugamento na prática. No entanto, conforme demonstrado neste exemplo, essa abordagem pode definir alguns limites para uma peça feita com AHSS que não esteja presente na realidade.
Ao utilizar aços AHSS/UHSS/Gigapascal, a força de reação da tira aumentará ao usar prensas-chapas. E se a força de reação do AHSS for maior do que a do prensa-chapa, ocorrerá a abertura da ferramenta. Isso leva a um processo altamente descontrolado: é possível que ocorram enrugamentos e trincas e uma correlação muito baixa entre a simulação e a realidade do seu AHSS.
Portanto, verifique atentamente se as forças nos prensas-chapas e nos insertos são suficientes. Alguns softwares de simulação têm formas de detectar a força de reação da tira de AHSS durante a abertura da ferramenta. Alguns softwares adicionam silenciosamente mais força no prensa-chapa para manter as ferramentas fechadas — mas é extremamente importante verificar se isso está acontecendo ou não em seu software de simulação.
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