O problema com o teste de tração
O aço de ultra-alta resistência é um material estabelecido na indústria automotiva e é comumente utilizado em reforços estruturais de carrocerias, reforços de lâminas de pára-choques, barras de proteção de portas, bem como estruturas de bancos e mecanismos.
O aço de ultra-alta resistência é responsável por ajudar a alcançar os valores nominais de proteção contra colisões de 5 estrelas e reduzir o peso dos componentes em até 40 por cento. Ele também permite que as montadoras reduzam custos e se tornem mais eficientes na produção, ao mesmo tempo em que desenvolvem designs de componentes mais inovadores e mais competitivos no mercado.
Apesar dos benefícios, muitas montadoras ainda estão escolhendo graus de aço mais macios e perdendo uma vantagem competitiva. O motivo é que elas confiam apenas nos resultados de alongamento dos testes de tração quando pensam em conformabilidade.
“O teste de tração é o teste mais utilizado”, explica o Dr. Lars Troive, especialista sênior em conformação da SSAB. “A ideia é separar os corpos de prova até a fratura. Em seguida, mede-se o quanto ele se expandiu em comprimento. Isso é considerado o seu alongamento. Por exemplo, se o corpo de prova medir 80 milímetros e, então, ficar com 88 milímetros antes da trinca, isso representa um alongamento de 10%.”
Ele continuou: “Embora o teste de tração seja há muito tempo a prática mais comum para avaliar a conformabilidade dos aços, os graus de aços modernos e mais resistentes não são representados corretamente por este método. Isso porque esses aços mais resistentes se comportam de forma diferente, tendo uma deformação plástica mais localmente em comparação aos graus mais macios convencionais.”
Uma maneira mais precisa de prever o comportamento do aço de ultra-alta resistência é através da criação de um diagrama de limite de conformação (Forming Limit Diagram - FLD), também conhecido como curva de limite de conformação. Um único FLD fornece uma descrição gráfica de vários testes de falha de material realizados, ou seja, testes de domo perfurado, com o uso de diversas geometrias de corpos de prova. Cada corpo de prova (ou seja, cortes de aço) possui uma proporção única entre largura e comprimento, o que resulta em diferentes modos de deformação até que ocorra uma falha. Eles se deformarão de forma diferente, tendo seu próprio caminho de deformação.
Antes de um teste FLD ser realizado, cada amostra é primeiramente pintada de branco e, em seguida, coberta por pontos pretos distribuídos aleatoriamente através de pintura por pulverização em um “padrão salpicado”. A cor de base branca é aplicada para obter um bom contraste com o padrão preto.
Durante os testes, o padrão salpicado é fotografado por duas câmeras embutidas na prensa. As câmeras capturam os movimentos de cada ponto durante toda a operação de conformação, o que permite a estimativa do caminho da deformação até a falha. Ao realizar o teste de domo perfurado em cada uma das diferentes geometrias (corte), serão obtidos dois valores para cada teste: as deformações principais e as secundárias. O FLD é então desenhado em um diagrama X e Y, com uma linha conectando todos os valores de deformação obtidas. Esta curva representa o limite de conformação no qual o aço apresenta um alto risco de dividir (trincar).